terça-feira, 30 de junho de 2009

Transparência II

Transparência na AP

Site da Associação Nacional para o Software Livre (ANSOL) para apoiar a transparência na administração pública portuguesa.

Foi desenvolvido para resolver as muitas dificuldades com a pesquisa e navegação no sítio oficial Base - Contratos Públicos Online. A informação aqui presente é uma cópia da informação oficial actualizada periodicamente e disponibilizada através de um interface que facilita e incentiva a procura. De momento apenas pesquisa pelo objecto e nomes das entidades envolvidas nos Ajustes Directos lá publicados.
Tecnologias utilizadas

Na sua elaboração foram utilizados os programas Apache httpd (web server), WordPress (gestor de conteúdos) e a base de dados MySQL; todos são Software Livre.
Custos

Estes foram os custos de implementação deste sítio (unidades: euros e tempo-homem, para uma pessoa que nunca programou em PHP antes):

1. Registo do domínio: 18€
2. Configuração do webserver, BD do sítio e instalação do WordPress: 3min
3. Escolher um tema gráfico: 15min
4. Ajustes de configuração: 30min
5. Imagens de instituições públicas: 15min
6. Ajustes de conteúdos: 27min
7. Motor de pesquisa: 10h45min

Custo total: 18€ + 12h15 min

Foi ainda doado a este serviço:

* 6 horas de stress testing

Transparência I

Portal da transparência adjudicado sem concurso

A Microsoft ganhou a adjudicação de um serviço do Estado em que foi consultora, sem concurso público. O mais curioso é que o serviço tinha por objectivo a transparência.

O portal Base – Contratos Públicos On Line é uma iniciativa levada a cabo pelo Instituto da Construção e Imobiliário (ICI), que tem por objectivo a publicação dos ajustes directos e derrapagens de contratos celebrados entre o Estado e respectivos fornecedores.

Segundo notícia do Público, o ICI não tardou muito a incorrer nas falas que pretendia contrariar, ao adjudicar à Microsoft a produção do portal sem concurso e numa altura (a 27 de Junho de 2008) em que as portarias que regulamentam a criação do Base ainda não tinham sido publicadas.

O Público refere mesmo que a Microsoft, que presta serviços de consultoria para o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (a tutela do ICI), terá começado a trabalhar no Base ainda antes de ter celebrado o contrato.

A urgência em terminar o portal terá determinado a celebração de um contrato que, alegadamente, não seguiu todos os trâmites legais.

Há ainda a suspeita de atrasos no lançamento de ferramentas, dificuldade de inserção de funcionalidades de pesquisa ou a duplicação de facturação relativa aos serviços prestados pela Microsoft durante a produção do Base.

A Microsoft nega qualquer atraso no serviço, apesar de admitir que o projecto se mantém em curso. A companhia não fornece quaisquer detalhes sobre o contrato.
in Exame Informática

sábado, 27 de junho de 2009

Scientists' sense of fun

teens' sense of humour

quinta-feira, 25 de junho de 2009

o som da comida

Charles Spence, Oxford University, UK: Vencedor do IgNobel de 2008 de Nutrição, entrevistado pela BBC

When you play the sound of crisps when people bite into Pringles - if we change the sound as they eat, we can actually change how fresh, or how crisp, the Pringle tastes to people.

We've used [a bacon sizzling] sound to flip the flavour of bacon and egg ice cream. If we play that sound over the loudspeakers in the room, the ice cream will taste more 'bacony' than if you play the sound of, say, farmyard chickens.


Ouvir http://news.bbc.co.uk/1/hi/sci/tech/7650584.stm

sandes de peixe

domingo, 14 de junho de 2009

Hospitals Begin to Move Into Supermarkets

Hospitals Begin to Move Into Supermarkets
By MILT FREUDENHEIM
Published: May 11, 2009
New York Times

As walk-in clinics at stores like CVS and Wal-Mart offer convenient alternatives to doctors’ offices and hospital emergency rooms, some hospitals are fighting back — with walk-in clinics at some of those same retailers.
round the country, hospitals are now affiliated with more than 25 Wal-Mart clinics. The Cleveland Clinic has lent its name and backup services to a string of CVS drugstore clinics in northeastern Ohio. And the Mayo Clinic is in the game, operating one Express Care clinic at a supermarket in Rochester, Minn., and a second one across town at a shopping mall.

Many primary-care doctors still denigrate the retail clinics as cheap, unworthy competitors. But hospitals see the clinics as a way to reach more patients and expand their business. And they argue that as President Obama and Congress warn of a shortage of primary-care physicians, the hospital-linked retail clinics are filling a vital public need.

The walk-in centers help clear hospital emergency rooms of people seeking only basic medical care, like antibiotics for strep throat. But in contrast to E.R.’s, which in many states cannot legally turn away those unable to pay, the retail clinics typically serve only patients with insurance or money.

And even if $77 throat cultures or $30 physicals do not represent a vast new source of profit for hospitals, retail clinics can play a marketing role, helping establish relationships with customers who may eventually need more lucrative in-hospital care. .......

sábado, 13 de junho de 2009

A Pobreza dos Ricos

*Cristovam Buarque*
Professor da UNB Autor do livro "A desordem do Progresso".

Em nenhum outro país os ricos demonstraram mais ostentação que no Brasil. Apesar disso, os brasileiros ricos são pobres. São pobres porque compram sofisticados automóveis importados, com todos os exagerados equipamentos da modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus de subúrbio. E, às vezes, são assaltados, seqüestrados ou mortos nos sinais de trânsito.
Presenteiam belos carros a seus filhos e não voltam a dormir tranqüilos enquanto eles não chegam em casa. Pagam fortunas para construir modernas mansões, desenhadas por arquitetos de renome, e são obrigados a escondê-las atrás de muralhas, como se vivessem nos tempos dos castelos medievais, dependendo de guardas que se revezam em turnos.

Os ricos brasileiros usufruem privadamente tudo o que a riqueza lhes oferece, mas vivem encalacrados na pobreza social. Na sexta-feira, saem de noite para jantar em restaurantes tão caros que os ricos da Europa não conseguiriam freqüentar, mas perdem o apetite diante da pobreza que ali por perto arregala os olhos pedindo um pouco de pão; ou são obrigados a ir a restaurantes fechados, cercados e protegidos por policiais privados. Quando terminam de comer escondidos, são obrigados a tomar o carro à porta, trazido por um manobrista, sem o prazer de caminhar pela rua, ir a um cinema ou teatro, depois continuar até um bar para conversar sobre o que viram. Mesmo assim, não é raro que o pobre rico seja assaltado antes de terminar o jantar, ou depois, na estrada a caminho de casa. Felizmente isso nem sempre acontece, mas certamente, a viagem é um susto durante todo o caminho. E, às vezes, o sobressalto continua, mesmo dentro de casa.

Os ricos brasileiros são pobres de tanto medo. Por mais riquezas que acumulem no presente, são pobres na falta de segurança para usufruir o patrimônio no futuro. E vivem no susto permanente diante das incertezas em que os filhos crescerão. Os ricos brasileiros continuam pobres de tanto gastar dinheiro apenas para corrigir os desacertos criados pela desigualdade que suas riquezas provocam: em insegurança e ineficiência.

No lugar de usufruir tudo aquilo com que gastam, uma parte considerável do dinheiro nada adquire, serve apenas para evitar perdas. Por causa da pobreza ao redor, os brasileiros ricos vivem um paradoxo: para ficarem mais ricos têm de perder dinheiro, gastando cada vez mais apenas para se proteger da realidade hostil e ineficiente. Quando viajam ao exterior, os ricos sabem que no hotel onde se hospedarão serão vistos como assassinos de crianças na Candelária, destruidores da Floresta Amazônica, usurpadores da maior concentração de renda do planeta, portadores de malária, de dengue e de verminoses. São ricos empobrecidos pela vergonha que sentem ao serem vistos pelos olhos estrangeiros.

Na verdade, a maior pobreza dos ricos brasileiros está na incapacidade de verem a riqueza que há nos pobres. Foi esta pobreza de visão que impediu os ricos brasileiros de perceberem, cem anos atrás, a riqueza que havia nos braços dos escravos libertos se lhes fosse dado direito de trabalhar a imensa quantidade de terra ociosa de que o país dispunha. Se tivesse percebido essa riqueza e libertado a terra junto com os escravos, os ricos brasileiros teriam abolido a pobreza que os acompanha ao longo de mais de um século. Se os latifúndios tivessem sido colocados à disposição dos braços dos ex-escravos, a riqueza criada teria chegado aos ricos de
hoje, que viveriam em cidades sem o peso da imigração descontrolada e com uma população sem miséria.

A pobreza de visão dos ricos impediu também de verem a riqueza que há na cabeça de um povo educado. Ao longo de toda a nossa história, os nossos ricos abandonaram a educação do povo, desviaram os recursos para criar a riqueza que seria só deles,
e ficaram pobres: contratam trabalhadores com baixa produtividade, investem em modernos equipamentos e não encontram quem os saiba manejar, vivem rodeados de compatriotas que não sabem ler o mundo ao redor, não sabem mudar o mundo, não sabem construir um novo país que beneficie a todos. Muito mais rico seriam os ricos se
vivessem em uma sociedade onde todos fossem educados.

Para poderem usar os seus caros automóveis, os ricos construíram viadutos com dinheiro de colocar água e esgoto nas cidades, achando que, ao comprar água mineral, se protegiam das doenças dos pobres. Esqueceram-se de que precisam desses pobres e não podem contar com eles todos os dias e com toda saúde, porque eles (os pobres) vivem sem água e sem esgoto. Montam modernos hospitais, mas tem dificuldades em evitar infecções porque os pobres trazem de casa os germes que os contaminam. Com a pobreza de achar que poderiam ficar ricos sozinhos, construíram um país doente e vivem no meio da doença.

Há um grave quadro de pobreza entre os ricos brasileiros. E esta pobreza é tão grave que a maior parte deles não percebe. Por isso a pobreza de espírito tem sido o maior inspirador das decisões das decisões governamentais das pobres ricas elites brasileiras. Se percebessem a riqueza potencial que há nos braços e nos cérebros dos
pobres, os ricos brasileiros poderiam reorientar o modelo de desenvolvimento em direção aos interesses de nossas massas populares.
Liberariam a terra para os trabalhadores rurais, realizariam um programa de construção de casas e implantação de redes de água e esgoto, contratariam centenas de milhares de professores e colocariam o povo para produzir para o próprio povo. Esta seria uma decisão que enriqueceria o Brasil inteiro? Os pobres que sairiam da pobreza e os ricos que sairiam da vergonha, da insegurança e da insensatez.

Mas isso é esperar demais. Os ricos são tão pobres que não percebem a triste pobreza em que usufruem suas malditas riquezas.